Seja franco: esqueça a ideia redutora da Boavista e de Massarelos como meros pontos de passagem para o oceano. Estes bairros, que respiram a história marítima e o fulgor da burguesia portuense, oferecem um ecossistema de petiscos que rivaliza com a sofisticação discreta das tapas sevilhanas ou a despretensão dos bares de *pintxos* bascos. A pergunta crucial é: porquê aqui? Porque a tradição de "ir às tapas" no Porto, e especificamente nesta zona, é um ritual social enraizado, uma partilha descontraída que se afasta da formalidade de um jantar. É a oportunidade de saborear a diversidade da culinária portuguesa em pequenas porções, do polvo à lagareiro desfiado à alheira frita com grelos, tudo servido com uma naturalidade que só a hospitalidade nortenha consegue. É este o palco onde a arte de petiscar ganha um significado autêntico, transportando-nos para uma dimensão de convívio genuíno e paladares surpreendentes.