Em Monsanto, uma aldeia que parece ter saído de uma gravura antiga e se agarra obstinadamente à montanha, a busca por uma loja de sobremesas (uma doçaria, como lhe chamamos por cá) é mais do que satisfazer um desejo; é uma imersão na alma gastronómica da Beira Baixa. Aqui, a tradição é palpável, os sabores robustos e diretos, sem floreados desnecessários. A singularidade reside na honestidade dos ingredientes, muitos colhidos da própria terra árida mas generosa, e na preservação de receitas que têm atravessado gerações. Não se trata de uma explosão de açúcar, mas sim de uma harmonia de texturas e perfumes que remetem a um tempo onde a confecção era um ritual, um antídoto para a dureza da vida, onde cada doce era uma pequena celebração de abundância.