Em Alfama, onde as ruelas contam histórias sussurradas pelo vento que vem do Tejo, procurar um hambúrguer pode parecer uma heresia para o purista do bacalhau. Contudo, é precisamente neste labirinto medieval que reside a sua singularidade. Aqui, os hambúrgueres não são meras réplicas do fast food globalizado, mas sim criações que, por vezes, abraçam os sabores locais – pão de Mafra, queijos da serra, e até um toque de ginginha. A busca não é por conveniência, mas por aquelas pérolas escondidas, onde a tradição da matéria-prima portuguesa se casa com a versatilidade do hambúrguer, resultando numa experiência que é simultaneamente familiar e distintamente lisboeta. É a versão de Alfama do paradoxo moderno: como é que algo tão universal pode ser tão intrinsecamente local e, em última análise, autêntico?