No Guincho, a busca por uma boa mariscada é mais do que uma refeição; é quase um rito de passagem para quem visita a costa. A razão é simples: aqui, o Atlântico entrega seus tesouros com uma franqueza que poucas outras paragens conseguem igualar. A corrente fria, conjugada com a virulência das ondas que beijam a areia selvagem, cria um ambiente ideal para o desenvolvimento de bivalves e crustáceos de calibre superior. Não é apenas a frescura, que se presume e se exige, mas a tenacidade e o sabor intrínseco que o mar injeta nestes seres. É um sabor que fala de luta contra as correntes, de sedimentos ricos e de águas que ainda não cederam por completo à intervenção humana. Vir ao Guincho e não experimentar as dádivas do mar é como visitar Roma e não se deparar com as ruínas do Coliseu: uma oportunidade perdida para entender a essência do lugar através de um dos seus elementos mais autênticos e saborosos.