A Peneda-Gerês, com as suas paisagens agrestes e recantos isolados, preserva uma cultura gastronómica que é, por si só, um testamento à resiliência e à sabedoria local. A charcutaria, aqui, não é um mero aperitivo, mas sim um pilar da dieta transmontana e minhota, forjada pela necessidade de conservar os sabores da matança para os longos invernos. É um mundo à parte, onde cada fatia conta uma história de porcos criados livremente, alimentados com os recursos da terra, e de mestria artesanal transmitida de geração em geração. Buscar estas iguarias em Gerês é como abrir um livro antigo e saborear a sua autenticidade, um contraste gritante com a produção em massa e a homogeneidade que se encontra fora destes vales protegidos. É aqui que se percebe que um chouriço não é apenas enchido, é património.