Em Covilhã, no coração da Serra da Estrela, a alma da gastronomia local reside inegavelmente na sua doçaria conventual. Para entender o porquê de a procurar aqui, basta sentir o ar serrano e pensar nas longas invernadas. É nestes lugares, onde a vida rural ditava os ritmos e os conventos eram centros de saber e subsistência, que a arte de transformar ovos e açúcar em obras-primas floresceu. Não é apenas uma questão de receita; é a história condensada em cada bocado, o testemunho de uma tradição secular que as mãos das freiras aperfeiçoaram com a parcimónia e a devoção que os recursos permitiam. A cada garfada, provamos a engenhosidade de quem, com o que a terra dava, elevou a confeção de doces a um patamar quase alquímico.